Audi R10 TDi


Realizada pela primeira vez em 1923, a corrida das 24 Horas de Le Mans ainda é um dos eventos esportivos mais difíceis e duros do mundo. Ele dura um dia e uma noite, sem interrupção e os pilotos devem percorrer uma distância de 5.000 km em altas velocidades, superiores a 350 km/h. Esta corrida de longa distância testa os pilotos e a tecnologia até os seus limites.


Em 2006, o Audi R10 TDI foi o primeiro carro a diesel a entrar na corrida como o favorito - graças à tecnologia inovadora desenvolvida e fabricada pelos especialistas em motores esportivos, junto com a Audi. Este protótipo de carro esportivo cria novos padrões de tecnologia, antes mesmo do início da temporada. Surpreendendo a todos, o substituto do Audi R8, o R10, traja motor diesel. Cinco centímetros mais plano e com um nariz notavelmente mais pontudo que o do seu predecessor, o R10 TDI apresenta melhorias significativas nas propriedades aerodinâmicas e mecânicas. Uma configuração tremendamente audaciosa, mas, o que dizer da marca que vem conquistando um título após o outro e que fez o circuito de Le Mans se render a sete vitórias (cinco vitórias com o modelo R8 e duas com o modelo R10?

Em coletiva via web no lançamento do modelo R10 TDi em 2006, o chefe da equipe Audi, o presidente da divisão de injeção de combustível da Bosch e o homem da engenharia de competições da Michelin, parceiros no desenvolvimento do R10 TDi, falaram sobre a aventura de colocar um motor diesel sobre um chassis de competição tipo endurance. No vídeo passado durante a coletiva uma das imagens que mais impressionou foi uma passagem sobre o conta-giros, onde era percebida a marca de início da linha vermelha – aquela que nos carros de rua indica o corte da ignição – em 4500 rpm.

O diâmetro menor dos cilindros influencia de forma benéfica a queima, tornando-a mais homogênea e permitindo atingir rotações mais elevadas. O R10 TDI é movido por um motor inteiramente novo bi-turbo de 5,5 litros e doze cilindros. Mais eficiente, os motores diesel consomem menos e, apenas isso, pode alongar em 2 ou 3 voltas os intervalos de reabastecimentos em Le Mans, e considerando-se que a corrida dura 24hs, então, apenas como exercício de cálculo, após 20 paradas (supondo uma a cada 1h) o R10 estaria com vantagem entre 40 e 60 voltas sobre os outros competidores. No R10 , o V12 TDI duplo turbo (Garrett) produz mais de 650 cavalos a 5500 rpm e, pasmem, 112,16 kgfm de torque entre 3000 e 5000 rpm.

Esses números, fantásticos, fizeram a engenharia de chassis queimar os miolos, pois suportar toda essa “carga” é um trabalho de Hércules. Construído inteiramente em alumínio, este motor é altamente eficiente quanto ao consumo de combustível e muito silencioso. Seu torque extraordinário de mais de 1.100 Nm gera demandas extremas no sistema de tração do R10 TDI. O controle global do motor é feito através do Motronic Ms14 da Bosch. A alimentação de ar e combustível e a o procedimento de ignição são ajustadas eletronicamente e otimizadas para atender as necessidades do motorista.


O Motronic usa intensamente dados de extensivos do sensores para calcular os melhores valores ideais para cada operação de injeção e ignição. Assim, o motor sempre recebe a mistura ideal, exatamente no momento certo. A unidade de controle eletrônica ajusta imediatamente a injeção de combustível para responder a mudanças nas condições de dirigiblidade. Isto significa que a energia do combustível é usada de modo particularmente eficiente. E uma maior economia de combustível - que significa menos paradas para reabastecimento - coloca o carro em uma excelente posição para terminar na frente na corrida clássica de longa distância em Le Mans. O meio ambiente também é um vencedor com este carro. Devido à sua combustão eficiente de combustível, suas emissões foram reduzidas significativamente. Além disto, o R10 TDI também é equipado com dois filtros particulados de diesel.

Naturalmente, os especialistas da Bosch estão presentes em Le Mans, ajudando a equipe da Audi com a telemetria e gerenciamento de sistemas. A telemetria é responsável pelo fluxo contínuo de dados, do veículo para a caixa de comando. Informações sobre temperatura do líquido de arrefecimento, pressão do pneu e condições do motor e chassi são enviadas a um painel central no volante. A Bosch desenvolveu um sistema de monitoramento do veículo totalmente novo para o R10 TDI. Movido pela experiência e know-how, a Bosch mantém laços estreitos com os esportes automotivos. Desde 1903, os especialistas da empresa nestes esportes estão presentes nas pistas de corrida, proporcionando serviço profissional a seus clientes.


Além disto, os engenheiros da Bosch estão ao lado dos fabricantes de veículos e equipes esportivas, desde os estágios iniciais do projeto de protótipo até o momento em que o carro vai para a pista de corrida. Falando apenas de alguns deles, podemos mencionar entre os sistemas que passaram até hoje da pista para a produção, o sistema de injeção mecânica de direta de combustível, faróis de halogênio e o sistema de ignição sem interruptor. No R10 TDI, a Bosch mostra mais uma vez como desafios técnicos extremos podem ser superados. Primeiro nas 24 Horas de Le Mans...e muito em breve em seu próprio carro também.



A embreagem e o câmbio, obra da ZF, juntos pesam 25 kg a mais que a unidade utilizada no antecessor R8, mas ele suporta quase o dobro do torque. Esse aumento na massa do trem de força também foi levado em consideração pelo pessoal do chassis (Audi Sport e Dalara), que acabou desenvolvendo uma estrutura única para o chassis e a carroçaria. A aerodinâmica também foi alterada e, ao invés de a carroçaria ser pouco vazada como no R8, a estrutura se assemelha à dos fórmula. A parte dianteira, por exemplo, exibe uma asa alta, interligando os pára-lamas à parte central da carroçaria. E, nesse novo design, há muitas passagens de ar, pois a boa refrigeração é uma condição imprescindível para motores diesel.


A participação da Shell e da Michelin no projeto, pode não parecer, mas foi determinante. Imaginem um diesel sem as características de pista, que dificultasse a queima e que chegasse às câmaras com retardo por ser mais denso etc. Isso para não falar em artifícios de alta tecnologia, que permitem uma queima mais rápida e uma refrigeração mais adequada das câmaras entre os tempos de injeção, nessa versão dos TDI com até cinco eventos por tempo de admissão. Abençoada eletrônica! Por outro lado, como trabalhar e distanciar as entradas nos boxes aproveitando a maior eficiência termal do diesel se os pneus, os traseiros principalmente, não suportarem o estresse a que serão submetidos a cada saída de curva? Essa resposta foi dada pela Michelin, e testada em pista por milhares de quilômetros.

A idéia do projeto R10 nasceu ainda 2002, após o Le Mans e durante todo esse tempo o carro foi exaustivamente pensado, construído e testado. O motor maior exigiu um entre eixos maior, a distribuição de peso foi muito trabalhada e o resultado deve ser comprovado em pista.
Mas, o relato da prova, embora não demostre a facilidade como que os apresentamos em nossos cálculos hipotéticos, confirmaram a possibilidade mais evidente: a supremacia das características do modelo diesel moderno sobre a gasolina.


Em 2006, a inovação mais importante revelada pelo desporto motorizado, foi o Audi R10 TDI. A consagração do desportivo da Audi foi coroada com o "Autosport Award" e testemunhada em Londres por cerca de mil convidados. O revolucionário Audi R10 TDI venceu o "Pioneering and Innovation Award", atribuído pela revista britânica "Autosport", que distingue a inovação mais importante do desporto motorizado na época . O responsável pela Audi Motorsport, Dr. Wolfgang Ullrich, recebeu o troféu em Londres, perante uma audiência de 1000 convidados.


O desportivo a Diesel de 650 cv venceu as 24 Horas de Le Mans em Junho de 2006 , apenas 200 dias após o seu lançamento. A Audi tornou-se, assim, no primeiro construtor automóvel a vencer o clássico de resistência com um motor Diesel, em mais de 80 anos de história de Le Mans. O R10 TDI alargou esta invencibilidade à sua primeira época na American Le Mans Series, vencendo as sete corridas em que participou, proporcionando à Audi mais um título na competição de carros desportivos mais popular do mundo.11
"Quando informámos o nossos potenciais fornecedores acerca do projecto Diesel, eles perguntaram-nos se estaríamos seguros de que era isso que queríamos", afirmou o responsável da Audi Motorsport, Dr. Wolfgang Ullrich, na cerimónia de entrega do prémio, em Londres. "Corremos um grande risco. Sabíamos disso. Mas quem mais poderia fazê-lo se não a Audi?"
A Audi anunciou que, a partir de 2008, seu protótipo R10 usará um novo combustível da Shell, o BTL (Biomass to Liquid). Trata-se de uma versão avançada do biodiesel, fonte renovável obtida a partir de vegetais. Este é adicionado ao diesel convencional, utilizado no protótipo com o qual a Audi disputa a 24 Horas de Le Mans. O BLT reduz as emissões de poluentes provenientes da queima de combustível no motor.Esta não é a primeira vez que um modelo movido a biodiesel compete na tradicional corrida. O Lola B2K já usou não apenas biodiesel, mas também etanol. Porém, diferente do modelo pioneiro, o R10 tem reais chances de vencer. Segundo a Audi, o protótipo será um laboratório para desenvolvimento de tecnologia que permita incorporação do BLT aos modelos de série da marca. Na 24 Horas de Le Mans de 2007, o R10 ainda será alimentado por diesel convencional.

Nenhum comentário: